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quinta-feira, 16 de setembro de 2010

O oceano azul da Vulcabrás

Sócios,

O governo brasileiro prorrogou por mais 5 anos as medidas de proteção de mercado para o setor calçadista. A sobretaxa aprovada pela Câmara de Comércio Exterior é de U$ 13,85 por par de tênis importado, além da alíquota máxima de até 35% referente à taxa de importação. Além disso, a medida também se aplica a calçados montados no Brasil que possuam 60% ou mais de seus componentes oriundos da China, Vietnã ou Malásia.

A taxação, que até março deste ano era de U$ 12,47, não afeta apenas o famoso BIG 3 (Adidas, Nike e Puma), já que players nacionais são responsáveis pela distribuição de marcas internacionais e em muitos casos apenas montam os produtos em terras canárias.

As implicações de medidas antidumping como esta são percebidas em toda cadeia de valores do mercado de artigos esportivos e os reflexos na ponta de gôndola são inevitáveis, mas, de maneira simplista, gostaria de destacar o ambiente favorável para se criar um oceano azul da Vulcabrás. Devido a sobretaxa os preços dos produtos importados, com alta tecnologia e alto valor agregado aumentarão significativamente sob ótica do consumidor final (elevação do custo percebido) que naturalmente tenderá a analisar preço dos concorrentes antes da decisão final de compra.

O mercado de artigos esportivos depende e muito da venda de calçados e principalmente dos produtos da categoria Running. Nesse sentido, varejistas e indústria batalham árduamente para balancear vendas de calçados, vestuários e acessórios, pois, desta forma, conseguirão manter crescimento sustentável de seus negócios, ou seja, em caso de “crise”em uma das três categorias as outras equlibrariam as finanças do negócio.

O fato é que o grande prejudicado dessa história é o consumidor final, pois, como apaixonado por tênis, afirmo que as tecnologias importadas não se comparam as nacionais, seja por insumos ou maquinários utilizados no processo produtivo e por isso abaixo detalho resumidamente os porquês seremos prejudicados.

Tal contexto de consumo associado a perda de competitividade das marcas importadas acarretam em possíveis medidas para manutenção de mercado, mas que muitas vezes não são implementadas por jogos de interesses entre os intervenientes da cadeia. Começemos com os varejistas: estes poderiam aceitar um mark up menor das marcas importadas, conseguindo oferecer preços competitivos das mesmas, não ficariam dependentes do fornecedor brasileiro, manteriam sell out equilibrado, mas o impacto em sua lucratividade seria inevitável.

As marcas importadas por sua vez poderiam reduzir suas margens (mantendo ou não o mark up para o varejista), aumentar sua capilaridade de distribuição, intensificar a terceirização de produção nacional o que equilibraria a representatividade importados x nacionais nos seus negócios e maximizar seus investimentos em marca e trade marketing.

O consumidor por sua vez, me permitam usar e abusar de utópias, poderia boicotar marcas nacionais, aproveitar o crédito e facilidades de pagamento e até mesmo favorecer varejistas que lhe dê boas opções de compra.
Agora a grande beneficiada, a Vulcabrás, o que pode fazer? Aproveitar e muito os próximos 5 anos para consolidar ainda mais sua liderança de mercado e encontrar seu oceano azul, afinal ,com a sobretaxação, a empresa conseguirá aliar volume e margem.

Na prática acontece da seguinte forma, o fornecedor brasileiro aproveita o aumento de preços das marcas importadas, aumenta seu preço e mesmo assim será a melhor opção de compra para consumidores que valorizam o atributo “preco”, oferece um mark up maior ao varejista que optará por comprar produtos do portifólio da marca brasileira, já que a mesma estará investindo pesado em ações de trade marketing, marketing esportivo e campanhas publicitárias, paralelamente a marca nacional melhorará a qualidade dos produtos de seu portifólio e o resultado não falhará, menos dias em estoque, aumento de sell out, aumento de margem para varejista e marca. Pode ser a invasão de Olympikus nos pés do pessoal.

Nós consumidores pagamos o pato, mas não podemos negar que a estratégia da marca nacional otimiza o cenário favorável e é extremamente agressiva. Particularmente, acredito ser uma grande “best practices” de lobby e estratégias gerenciais.

Abs a todos







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