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terça-feira, 27 de julho de 2010

Futebol tem participação ativa no aumento da inflação, faz sentido?

Pessoal,

Apenas para dar continuidade a temática sobre a necessidade da diversificação de receitas dos clubes de futebol, venho por meio deste post compartilhar um dado interessante divulgado pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) referente ao Índice de Preços ao Consumidor, o famoso IPC, pois este acumulou em média, nos últimos dez anos e meio,alta de 79,84%.

Essa alta por incrível que pareça tem contribuição pesada dos preços praticados nos ingressos das partidas de futebol, pois essa variável apresenta a segunda maior variação acumulada (em %), malucos 220,7%, perdendo apenas para o preço do Diesel, mas será que isso confirma que os clubes estão no rumo certo e de fato diversificando suas receitas?

Infelizmente, creio que não, e me arrisco a dizer que a participação das divisas geradas por venda de ingressos sequer tenha ampliado sua representatividade nos DREs dos clubes, pois a análise do histórico da taxa de ocupação dos últimos 4 campeonatos brasileiros evidenciam uma queda ano após ano na média de torcedores por partida e até mesmo os cobiçados clássicos acabam não atraindo quantidade de torcedores satisfatória.

Existe uma explicação relativamente simples que pode justificar esse fenômeno negativo. Tendo em vista que, de uma maneira geral, a segurança nos arredores dos estádio melhorou significativamente e hoje os casos de violência são pontuais e de pequena proporção, muito provavelmente a relação custo percebido x valor percebido sob a ótica do torcedor esteja extremamente alta, ou seja, “pago muito para não ter nada”!

Por isso, se fosse gerado uma mapa de posicionamento dessa relação do futebol quando comparado à outras atividades de lazer e entretenimento, certamente seria feita uma aferição de que o futebol é muito menos competitivo do que suas concorrentes indiretas. A principal implicação do baixo valor percebido é a redução da taxa média de ocupação nos jogos, mas os clubes, em contrapartida, ao invés de oferecer mais benefícios, atividades, melhores estruturas, acesso e conforto, optam por aumentar o ticket médio dos ingressos e garantir uma margem de lucro por unidade que garanta a viabilidade financeira do “espetáculo”.

Pode –se concluir que o fato do futebol ser a paixão nacional e uma modalidade massificada (sim, como se fosse uma Coca-Cola) não é levado em conta, logo o mesmo se torna um produto premium com alto valor agregado, que neste caso de valor não tem nada. A reflexão reside : Não seria melhor lotar a arena, aumentar a magnitude do espetáculo, valorizar suas propriedades de marketing e seu principal ativo “O TORCEDOR”?

O que acham? Espero a opinião de vocês!

Abs a Todos

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Risco no processo de diversficação de receitas

Essa semana o Lyon da França anunciou a empresa de jogos, Everest Poker, como seu novo patrocinador, mas o acordo chamou a atenção devido as contrapartidas estabelecidas no contrato. Os valores não foram revelados e a empresa estampará sua marca apenas nos uniformes quando a equipe jogar como visitante. No início desse ano a Juventus (clube italiano) implementou uma estratégia semelhante ao anunciar o site de apostas Betclic como parceiro, porém apenas nas camisas titulares.

Sabe – se que o futebol mundial passa por um processo de profissionalização acelerado no qual os clubes têm buscado implementar estratégias gerenciais orientadas para o resultado. No Brasil esse processo ainda é gradual e ocorre em ritmo menos acelerado, mas as organizações esportivas já reconhecem a necessidade de desenvolver as áreas comerciais, marketing, operações, T.I, financeiro e novos negócios para aumentar as fontes de receitas e/ou gerar vantagens competitivas que viabilizem não só o aumento da lucratividade das instituições, mas também a fidelização do torcedor/consumidor e a penetração de mercado.

Por outro lado existem algumas implicações caso o clube peque por excesso na forma como busca sua diversificação de receitas. Exemplos como os dos clubes citados anteriormente podem resultar em perdas para seus patrocinadores, já que a inclusão de amplo leque de marcas associadas ao clube gerará dúvidas junto aos torcedores e prejudicará algumas variáveis, tais como : lembrança de marca.

Em contrapartida dependendo dos objetivos dos parceiros, o modelo do negócio acima discutido, poderá ser interessante e as propriedades bem exploradas. Sendo assim, pode-se aferir que não existe certo ou errado nas estratégias de marketing dos clubes, no entanto, o desenvolvimento e aplicação das condições contratuais devem ser “costuradas” e fundamentadas em uma política de ganha-ganha entre as partes de modo a garantir a entrega e os resultados estabelecidos.

Como sabemos do hábito “não planejar” na grande maioria dos clubes brasileiros, a utilização dessas estratégias deve ser conduzida com parcimônia, pois o estágio atual ainda requer que os mesmo se estruturem para depois prometer e cumprir contrapartidas que incluam mensuração/controle, ou seja, a melhor receita no momento é “Menos é mais!”

Seria muita loucura imaginar contratos de patrocínio que já incluam ativação? Abordarei a temátia no próximo post


Forte Abs

segunda-feira, 19 de julho de 2010

O gargalo chamado Educação

Olá Pessoal,

A realização de eventos como fóruns, workshops, cursos de extensão , etc, etc, etc sob a ótica da temática Copa 2014 e Olimpíadas 2016 parece não ter fim e mal um acaba outro já começa. Obviamente que a reciclagem e troca de experiências entre os profissionais que irão conduzir todas as atividades demandadas nos eventos é extremamente positiva, mas pouco tem se atentado para variáveis que podem influenciar significativamente a qualidade operacional e gerencial dos mesmos.

Na última semana dois números/indicadores divulgados me chamaram a atenção, enquanto o país não para de criar novos postos de trabalho, a educação parece caminhar em marcha lenta, ou seja, em um curto espaço de tempo o Brasil não terá condições de manter suas taxas de crescimento devido a falta de mão de obra qualificada disponível no mercado.

Muito se discute sobre os gargalos de infra estruturas do país que segundo especialistas freiam um crescimento que poderia ser ainda mais acelerado. Por outro lado de nada adiantaria a melhor estrutura do mundo se não existissem pessoas competentes para administrá-las e operá-las.

A análise por mim proposta é simples. Imaginem um metrô moderno, aeroportos capazes de atender toda a demanda, estádios lotados e confortáveis, segurança inquestionável, rede hoteleira impecável, perfeito não? Agora visualizem um turista que precisa de informação e não encontra alguém apto a informá-lo, garçons pouco qualificados nos bares e restaurantes, recepcionistas irritados nos hóteis, carregadores de malas pouco dispostos e mal preparados para receber os visitantes, entre outras situações que envolvam recursos humanos.

Quais seriam as implicações? Resumidamente, todo o excelente trabalho realizado em infra estrutura iria pelo ralo, pois apesar da beleza, organização e prazos cumpridos, os intervenientes da ponta da cadeia, como se fossem vendedores, não gerariam experiências de consumo positivas aos consumidores dos dois mairoes eventos esportivos do mundo. O motivo? Qualificação, educação, afinal nosso país apresenta índices globais deploráveis no assunto e ocupa posições vergonhosas nos rankings divulgados por diversas organizações mundiais.

Além disso, deve-se alertar para os outros reflexos da pouca oferta de mão de obra qualificada, já que a imensa criação de postos de trabalho frente a grande falta de profissionais aptos a ocupá-los acarretarão em pressão e aumento dos salários (disputa pelos melhores e disponíveis) e consequentemente alavancar a inflação.

Enfim, mais um perigo ao sucesso na realização dos jogos.

Abs a todos

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Futebol Europeu- rentável?


Olá Pessoal,


Infelizmente devido a rotina acelerada na empresa me ausentei por alguns dias do blog, mas hoje após ler uma notícia sobre o futebol europeu no jornal Valor Econômico considerei pertinente compartilhar a informação para juntos analisarmos e questionarmos as informações e implicações dos números divulgados.


Um estudo realizado pela consultoria AT Kearney que analisou a rentabilidade dos campeonatos de futebol da Itália, Inglaterra, Espanha, França e Alemanha constatou que se as ligas italianas, inglesa e espanhola fossem empresas em menos de dois anos estariam falidas. Segundo a mesma consultoria apenas as ligas francesa e alemã são rentáveis com 1% e 2% respectivamente.



De qualquer maneira, mesmo rentáveis, as duas ligas apresentam rentabilidade abaixo das observadas por exemplo em investimentos de renda fixa, logo os analistas da AT Kearney avaliaram que nenhum investidor racional arriscaria seu dinheiro em aventuras no futebol europeu.




Dentre os argumentos utilizados para justificar a rentabilidade negativa foram apresentadas variáveis como balanço negativo da transferência de jogadores na qual a liga espanhola apresentou o pior resultado (-257 milhões de Euros), seguido da liga Alemã (-118 milhões de Euros) e da Premier League (-91 milhões de Euros). O principal motivo do desempenho na variável acima citada é consequência do alto investimento líquido em contratações e salários de jogadores.



Estima-se que o melhor desempenho do futebol alemã é reflexo de melhores investimentos em estádios e o forte em investimento nas categorias de base, o que é questionável já que o balanço da liga alemã é o segundo pior da amostra avaliada. Particularmente acredito que o melhor índice observado seja resultado do melhor gerenciamento de arenas, pois o campeonato alemã apresenta a melhor média de público da Europa, e ao incremento de receitas em patrocínios e diversificação com estratégias de licenciamentos e cotas de parceiros que não objetivam a entrega de visibilidade.


Os números apresentados pela consultoria trazem à tona o questionamento sobre a sustentabilidade de um modelo de negócio inflado por salários milionários e forte/competente gerenciamento das marcas dos clubes, porém sem orientação alguma para o resultado extra campo. Atitutes “populistas” dos candidatos à presidência dos clubes, como as conduzidas pelo presidente Florentino Perez do Real Madrid, confirmam que mesmo com o incremento de vendas de uniformes, valorização das propriedades de patrocínio oriundos de contratação de grandes astros do futebol não resultam em retorno financeiro consistente e satisfatório.


Obviamente que as práticas mercadológicas dos clubes europeus estão mais evoluídas do que as dos clubes brasileiros, mas fica o questionamento: até quando será sustentável? No Brasil todos veneram e admiram o modelo de negócio do futebol europeu fato não justificável pelos últimos números divulgados por consultorias especializadas. Além disso, a divulgação do pedido de empréstimo do Barcelona, alegando necessidade de melhorar o fluxo de caixa, demonstra a fragilidade da capacidade gerencial do contexto futebolístico.


Por outro lado sabe-se que as maiores empresas do Brasil e do mundo são alavancadas financeiramente com o objetivo de viabilizar a expansão ou diversificação dos negócios, ou seja, nem sempre por dificuldades financeiras. Todavida cabe aos gestores reavaliar a forma como a alocação de recursos tem sido realizada, pois não basta realizar um excelente trabalho de marketing e ter uma “super marca” se a empresa seguir deficitária.


Forte Abs